sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pais e Filhos: onde tudo começa

Certamente se poderia elencar um grande número de atribuições dos pais em relação à criação dos filhos, mas, no meu entendimento, TUDO se resume a uma questão básica: ensinar os filhos a distinguir o “certo” e o “errado”, mostrando-lhes as consequências decorrentes das decisões que possam tomar, das escolhas que possam fazer.  Esta não é uma missão fácil e penso que ela se torna ainda mais difícil, em face de alguns problemas relacionados à “criação moderna”, representados por posturas desprovidas de bom sendo, que alimentam a inversão de valores e a hipocrisia, como por exemplo:

a) PAIS NÃO QUEREM QUE FILHOS PASSEM PELAS MESMAS DIFICULDADES QUE PASSARAM (OU QUE JULGAM TER PASSADO)
:
É cada vez mais enfatizado que o uso da palavra “não”, o castigo e a palmada traumatizam a criança. A infância e a adolescência dos pais apresentaram momentos de contrariedades e de repressão. Algumas recordações dos pais não são agradáveis e também seria desagradável submeter os filhos às mesmas situações. Estas questões são exploradas através de uma vasta literatura e frequentemente são focos de reportagens nos meios de comunicação. Entendo que há uma pregação da liberdade total: fazer o que se quer e pronto. É permitido à criança e ao pré-adolescente: pichar as paredes do próprio quarto de dormir (tenho pra mim que é daí que nascem os pichadores de prédios e monumentos); navegar à vontade na Internet, ficando a mercê dos perigos a ela inerentes; andar por onde sua família não sabe, com quem sua família desconhece; arranjar desculpas e mais desculpas para não se esmerar nos estudos e assim por diante. Estes conceitos são disseminados de forma tão intensa, que, em um dia destes, navegando pelo Facebook, eu me deparei com o seguinte texto:


“Respire. Você será mãe por toda a vida.
Ensine as coisas importantes. As de verdade.
A pular poças de água, a observar os bichinhos,
a dar beijos de borboleta e abraços bem fortes.
Não se esqueça destes abraços e não os negue nunca.
Pode ser que daqui a alguns anos, os abraços
que você sinta falta sejam aqueles que você não deu.
Diga ao seu filho o quanto você... o ama, sempre que pensar nisso.
Deixe ele imaginar. Imagine com ele.
AS PAREDES PODEM SER PINTADAS DE NOVO,
AS COISAS QUEBRAM E SÃO SUBSTITUÍDAS.
OS GRITOS DA MÃE DOEM PARA SEMPRE.
Você pode lavar os pratos mais tarde.
Enquanto você limpa, ele cresce.
Ele não precisa de tantos brinquedos.
Trabalhe menos e ame mais. E, acima de tudo, respire.
Você será mãe por toda a vida.
Ele será criança só uma vez.”

Em  minha opinião, este texto seria maravilhoso não fossem os seguintes aspectos decorrentes das frases que, propositadamente, coloquei em maiúsculas:
- Então a criança pode tudo?
- Educar um filho é isto?
- Ao riscar paredes da sua casa a criança experimenta algo novo, que aguça sua criatividade, que lhe deixa feliz, que vai contribuir com o seu amadurecimento?
- Evoluindo nesta experiência, ela também poderia riscar os móveis, o carro do seu pai? Haveria ou não a mesma permissividade? Em não havendo a mesma permissividade, qual seria a argumentação COERENTE, VÁLIDA para dissuadir a criança deste desejo?
- E se, ao contrário de tudo isto, a criança fosse ensinada a agir corretamente, ou seja, a riscar folhas de cartolina, de caderno? Isto lhe causaria as mesmas sensações?
- Riscando as paredes e quebrando objetos a criança demonstra respeito por seus pais? Ela demonstra que valoriza os esforços dos seus pais?
- Quando adulto esta pessoa terá respeito por suas coisas e pelas coisas dos outros?
Ela respeitará o patrimônio público?
- E quanto aos gritos da mãe? Mesmo sabendo-se que o grito não é uma forma adequada de se tratar um ser humano, ainda mais se criança ou pré-adolescente, será que, de fato, ele dói para sempre? A percepção, num dado momento da vida, de que um caminho errado foi trilhado, um caminho de frustrações, sem conquistas, não doeria muito mais do que os gritos da mãe?

b) FAZER VISTAS GROSSAS PARA EVITAR O ESTRESSE DO CONFRONTO
É mais fácil fazer vistas grossas às malcriações das crianças e dos adolescentes do que se estressar para mostrar a elas(es) o quanto estão erradas(os) num dado momento. É mais cômodo. Já há muito estresse com outras questões (problemas no trabalho, problemas financeiros, relação conjugal, discórdias familiares, etc) e não há espaço para mais estresse. Por outro lado, uma grande quantidade de pessoas que constitui família não se apercebe ou demora demais para perceber que colocar um filho no Mundo requer, acima de tudo, muita responsabilidade, muito comprometimento, ou seja, "maturidade";

c) NÃO VALORIZAR AS EXPERIÊNCIAS JÁ VIVIDAS
Muitos adultos não se valorizam. Não valorizam a experiência de vida que acumulam (que é absurdamente maior do que aquela que uma criança ou um adolescente tem) e, portanto, não fazem questão de transmiti-la. Afinal, os tempos mudaram, os conceitos mudaram, a forma de aprendizado mudou. Além do mais, para obter experiência, via de regra os adultos tiveram que "bater com a cabeça na parede" muitas vezes, até aprenderem. Desta forma, eles acreditam que as crianças e, principalmente, os jovens também devem percorrer este mesmo caminho, passar por esta mesma experiência.



Eu acredito que das afirmações acima e de outras que também poderiam ter sido elencadas, somente a da letra "b" expressa a realidade da grande maioria dos pais que se mostram irresponsáveis em relação à criação dos seus filhos. Faço esta afirmação com base no fato de que, no meu entendimento, todas as situações levam a uma só, pois todas, excetuando-se aquela elencada na letra "b", representam meras desculpas. O verdadeiro problema reside na comodidade, no ato de evitar "bater de frente", no receio de se desgastar, de se incomodar.
A partir do nascimento, vamos aprendendo a conhecer uma nova realidade, que nos afetará, sobremaneira, em todos os sentidos. Lentamente, despertamos para a vida, que nos apresenta tudo de bom e de ruim que possui. Sofremos a influência de tudo que nos cerca. Mas os pais, verdadeiramente educadores, deveriam estar atentos, para aparar uma ou outra aresta que possa causar nos filhos uma deformação qualquer de conduta. Mas, será que os pais estão atentos?
A partir do nascimento do primeiro filho ou do único filho, os pais tem sua responsabilidade significativamente aumentada, pois passam a ser educadores. Aí já não é mais possível pensar somente em si. Não há mais espaço para egocentrismo. Tudo começa a girar em torno dos filhos. Aqueles que não levam a sério a maternidade e/ou a paternidade, que, infelizmente, representam a grande maioria dos casais dos tempos ditos modernos, não conseguem ter esta responsabilidade para com os filhos. Para eles, ter um filho é o mesmo que ter uma casa ou um carro. Assim como, vez ou outra, fazem uma pintura na casa ou uma revisão no carro, compram uma roupa nova para o filho ou levam-no ao médico ou ... Esquecem, completamente, que tem o importantíssimo papel de educadores e que, hoje, deixar o(a) filho(a) “aprender com a vida” significa deixa-lo(a) a mercê das influências negativas das más companhias, das drogas, do crime. Tem, ainda, aqueles pais, não menos irresponsáveis em relação à criação dos seus filhos, que, fingindo para si próprios uma demasiada preocupação com o alto grau da concorrência predatória que nos cerca, impingem em seus filhos um comportamento adulto precoce. Aliás, sobre isto Roberto Shinyashiki comenta o seguinte em sua palestra intitulada
CUIDADO COM OS BURROS MOTIVADOS:
"O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim.
Aos nove ou dez anos a depressão aparece.
A única coisa que prepara a criança para o futuro é ela poder ser criança.
Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos.
Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas."
Tenho para mim que estes pais querem reduzir dramaticamente o tempo de infância e de adolescência dos seus filhos, para se incomodarem menos nestas fases e, simultaneamente, garantirem o aumento da renda familiar futura. O filho é visto como um investimento lucrativo. Mais tarde a maioria destes pais chora, se desespera, blasfema contra o Criador (sim, pois Ele é o culpado de tudo). Procura ajuda, mas aí, muitas das vezes já é tarde, pois o mal está feito. O filho está perdido.
A Gazeta do Povo (Curitiba) publicou, em 10/11/2013, uma entrevista sob o título MÃE TEM QUE SER BRUXA, feita com a psicanalista, professora e pós-doutora em Psicologia Clínica, sra. Márcia Neder, que, discorrendo sobre as transformações ocorridas com as famílias nas últimas décadas e aí enfatizando as novas formações familiares (família homoafetiva e família monoparental), bem como a mudança comportamental dos pais (abandono da posição de adultos da relação e consequente perda de poder), afirma que "nossa cultura deslocou o poder, culminando com o que eu chamo de déspota mirim, ou seja, uma cultura centrada na criança". Na verdade, lendo aquela publicação, conclui-se que o adulto não tem se posicionado como tal junto a criança. Tem, sim, desejado ser como o coleguinha, o amiguinho do seu filho, que é quem passa a estar no centro do poder. Não se comportando como adultos, os pais substituem a busca da obediência e do respeito pela busca da aprovação. Neste contexto O MENOR ENFRENTAMENTO/DESGASTE DE HOJE SERÁ, SEM SOMBRA DE DÚVIDA, O MAIOR PROBLEMA QUE OS PAIS TERÃO AMANHÃ, EM RELAÇÃO AOS SEUS FILHOS, PROVAVELMENTE PARA O RESTO DE SUAS VIDAS.


Homicídio Legalizado

É claro que existe o homicídio legalizado! E digo mais: o ser humano tem investido, ao longo de toda sua existência, muito dinheiro e esforço nesta ação. Para alguns povos, inclusive, trata-se de uma atividade rotineira.
Estou falando das guerras, nas quais jovens normais, saudáveis são recrutados, treinados e enviados para o "front", para neutralizarem os inimigos da sua pátria, preservando, assim, a soberania daquela. Eles devem cumprir este objetivo a qualquer preço, ou seja: matando e até mesmo sacrificando suas próprias vidas, se necessário for. Isto é honra, bravura, cumprimento do dever patriótico e exige honrarias, que trarão orgulho eterno aos sobreviventes de guerra e acalentarão os corações dos parentes daqueles que pereceram no campo de batalha.
Não interessa se o "heroísmo" do enfrentamento com o inimigo decorreu de uma simples atitude de autodefesa, onde o pensamento na pátria nem estava presente. Não interessa se na hora do "pega pra capar" o medo gerou ações da mais pura perversidade. O que importa é o objetivo alcançado.
Os guerreiros sobreviventes estão isentos de qualquer punição. Não há processo, nem julgamento e muito menos a possibilidade de condenação. Os derrotados é que serão julgados pelas atrocidades cometidas. Quem perde paga a conta. Afinal, alguém tem que levar a culpa.
Agora, vamos lá: se um cidadão comum, honesto, trabalhador e sem qualquer desabono em seu nome, frustrar um assalto, matando o bandido, em defesa própria, na presença de testemunhas, que estão prontas a depor em seu favor, ainda assim enfrentará julgamento e poderá vir a ser considerado culpado pelo crime cometido. Tudo dependerá da forma como o processo criminal será conduzido. Mesmo que ele seja julgado inocente, até chegar neste momento decisivo certamente enfrentará situações constrangedoras. Mesmo que seja absolvido pela Justiça, estará condenado, notadamente perante os preceitos religiosos, parentes e amigos da vítima e àqueles que foram “agraciados com a escolha divina para lutarem pelos direitos humanos” (Lembre-se, sempre, desta regra: ao bandido todos os direitos, ao cidadão correto nenhum).
As situações acima descritas levam a um mesmo desfecho: o homicídio. A primeira delas, entretanto, não é vista desta forma: militar é uma profissão que requer especialização na defesa da soberania territorial de uma Nação e, neste porém, suas ações são justificadas. A segunda situação, que não valoriza as vidas salvas e sim a vida do marginal que se deu mal, caracteriza um homicídio e levará o réu a cumprir todas as etapas de um processo penal, cuja conclusão determinará sua inocência ou culpa. Assim, mais uma vez deparamo-nos com a falta de bom senso, com a hipocrisia e com a inversão de valores.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Carnaval: diversão e fuga

A maior festa popular mundial de que se tem notícia é, sem dúvida, o Carnaval brasileiro.
No período oficial de seis dias corridos, iniciado numa Sexta-feira e findo na Quarta-feira seguinte (de Cinzas), o Brasil pára e dá passagem aos foliões. O Rei Momo passa a ser “o cara”: aquele que comanda a folia; que tem acesso livre em Clubes, Escolas de Samba e na Avenida; que tem a atenção da imprensa. O Carnaval movimenta milhões de reais e se mostra luxuoso nas ruas das grandes cidades brasileiras, com desfiles de fantasias e carros alegóricos fantásticos. Turistas de todo o planeta vem ao Brasil para curtir o Carnaval, que é a maior festa do planeta e que tem sua alma nas classes sociais menos favorecidas.
Esta folia não é gratuita: paga-se muito bem pelo ingresso aos sambódromos; paga-se muito bem pela fantasia, para desfilar na avenida. Mas, então, como se explica que as classes sociais menos favorecidas sejam a alma do evento? Como conseguem conciliar suas necessidades básicas com este gasto? Acredito que a resposta esteja na necessidade, cada vez maior,  que  uma grande parcela  da  população tem em ser “compensada” por conta de atribulações que enfrenta. Neste sentido, creio que o Carnaval é uma das maiores "compensações" existentes. É o evento que mistura a descontração e a alegria com sentimentos de permissividade, de desforra. Entendo que o sentimento que resume tudo é o de que "todos temos direito a um lugar ao sol. A vida não é só luta, sofrimento, opressão, miséria, desgosto. Agora é hora de ir à forra, de extravasar". Particularmente, não comungo com este sentimento, mas é inegável que está presente na maioria dos foliões. 
Pelo Carnaval, por exemplo, milhares de pessoas abrem mão, durante o ano, de se alimentarem melhor, de se vestirem melhor e cuidarem melhor da saúde. O foco é a confecção e o desfile de uma fantasia. No Carnaval muitas pessoas realmente se permitem “extravasar”, "ir à forra". Estes sentimentos ficam potencializados com o alcoolismo e as drogas, aumentando, assim, os riscos de violências.
Por isto, entendo que todo o contexto carnavalesco vira adubo de primeiríssima qualidade à falta de bom senso, à hipocrisia, à inversão de valores, FICANDO COM UM NÚMERO BEM MENOR DE PESSOAS A SABEDORIA DE BRINCAR SADIAMENTE: DE DESCONTRAIRE E SE ALEGRAR, SEM SE VIOLENTAR.

Amigo X Mendigo

"Amigo" significa "pessoa" a quem se está ligado por uma afeição recíproca. Então, "amizade" é a afeição, a estima, a dedicação recíproca entre "pessoas". Esta afeição, estima, dedicação independe de sexo, raça, idade, ideologia, costumes e crenças.
Nos dias de hoje, o ditado popular que afirma que "o melhor amigo do homem é o cão" é levado muito a sério por uma significativa parcela da população mundial, que, desta forma, se identifica com o cão, a ponto de desfrutar aquilo que chamam de uma grande amizade e até mesmo uma verdadeira relação de parentesco, manifestada através de:
a) expressões do tipo "Vem com a mamãe!", "Olha a maninha!", "Não faz assim com o titio!";  
b) ações: deixar o animal lamber o corpo, inclusive a boca; dormir junto com o animal; adoecer quando o animal adoece; etc.
Para estas pessoas este comportamento é absolutamente normal, mas, para mim, trata-se de algo verdadeiramente absurdo. Gosto dos animais e não sou capaz de maltratá-los. Entendo, porém, que eles estão inseridos na Natureza como seres vivos com capacidade inferior à do ser humano e que, por isto, nossa obrigação para com eles é a de preservá-los, como, de resto, toda a Natureza. Afinal, como seres integrantes da Natureza e gerados à imagem do Criador, temos que viver em harmonia com todas as espécies, respeitando-as. Portanto, nesta questão, entendo ser um exagero qualquer manifestação que ultrapassar o limite da preservação/proteção.
A pessoa que tem esta aliança exagerada com seu "animal de estimação", tem mais desvantagens do que vantagens, ou seja: pode contrair doenças do animal; tem que incluir na sua rotina diária os cuidados com a alimentação, o asseio e os passeios com o animal, para que faça suas necessidades em jardins e calçadas públicas, poluindo o meio-ambiente; pode passar por situações desconcertantes perante outras pessoas, em função do barulho, da sujeira, da agressividade e de outros problemas oriundos da "condição irracional do animal".
Mas há aqueles que realmente ganham, pois do ponto de vista econômico esta situação é muito interessante, já que no mercado de trabalho existe uma grande quantidade de  profissionais envolvidos com as "necessidades animais" do nosso século, ou seja: o adestramento; a confecção, a distribuição e a venda de roupas e adereços, alimentos, cosméticos, remédios, brinquedos e itens variados como escovas, correntes, coleiras e outros; os serviços especializados de veterinária (inclusive a móvel, aquela que se desloca até a "residência" do animal), creche, spa e hotel; promoções de eventos (como aniversário, casamento) e outros. Toda esta estrutura, que foi criada e continua sendo implementada por conta da "paixão" do ser humano pelo seu "verdadeiro amigo", tem rentabilizado muitos bolsos por este mundo afora.

Fico imaginando como seria a vida moderna se as pessoas convergissem, umas às outras, toda esta estima, afeição, dedicação. Creio que viveríamos num mundo menos miserável. Hoje, por exemplo, o "verdadeiro amigo do homem" leva muitas vantagens sobre o mendigo, que vive como verdadeiro animal.

O raciocínio que move e predomina entre a grande maioria das pessoas certamente é muito semelhante ao seguinte: 
É triste a visão do abandono daqueles que vivem à margem da sociedade, sem o atendimento das necessidades básicas (falta de teto, de roupa, de comida, de higiene, de medicação). Gostaria de poder fazer algo por estas pessoas. Mas elas estão nesta situação porque querem. Na verdade, são marginais. Não gostam de trabalho. Não tem educação. São porcos. Dificultam as coisas. O negócio deles é se alcoolizar ou se drogar. Não há nem como iniciar um diálogo com este tipo de gente. Além do mais não tenho condições para auxiliar quem quer que seja. Meus gastos mensais são elevados: a família é grande e gera gastos proporcionais ao seu tamanho; o carro também gasta como uma família; ultimamente, O TOTÓ VIVE DOENTE, GERANDO MUITOS GASTOS COM VETERINÁRIO, EXAMES MÉDICOS, REMÉDIOS E ALIMENTAÇÃO ESPECIAL, SEM CONTAR A PETSHOP; tem, também, a questão do tempo - onde vou arranjar tempo? É casa, trabalho, academia, curso de Inglês,...
Agora, tem uma coisa: essa gente está sempre nas minhas orações diárias. Sempre peço ao Criador que ilumine seus caminhos. Peço ao Criador para que faça com que os governantes, a Igreja, as ONGs resolvam a situação dessa gente.
Em outras palavras, alguém, que não eu, deve resolver esta situação. Eu já tenho meus problemas para me preocupar.
Se esta postura não reflete a falta de bom senso, a hipocrisia e a inversão de valores, ela reflete o que?


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Existem profissões e PROFISSÕES

O que, por exemplo, as profissões de lixeiro, bombeiro, enfermeiro e policial tem em comum e de diferente entre si e em relação às profissões de piloto de fórmula 1 e de jogador de futebol?

Risco para a Saúde/Vida
Todas as profissões citadas ou oferecem risco para a saúde dos respectivos profissionais (insalubridade, intoxicação, exposição às doenças e contusões, entre outros) ou risco de vida (atuação em incêndios, desmoronamentos, alagamentos, confronto com criminosos e acidente em alta velocidade, entre outros). O que muda de uma profissão para a outra é o nível em que os riscos se apresentam para cada uma e nesta questão os riscos enfrentados, por exemplo, por um bombeiro, por um policial ou um piloto de fórmula 1 são maiores em frequência e proporções do que aqueles enfrentados nas demais profissões citadas.
De que adiantaria para um bombeiro, o uso de capacete, roupas e calçados especiais, para protegê-lo de:
a) uma explosão a cinco ou dez metros de distância dele? ou
b) um desmoronamento de uma parede de concreto ou de algumas toneladas de terra sobre ele?
De que adiantantaria para um policial o uso de capacete e de colete a prova de balas em um confronto com bandidos armados com calibres pesados?
De que adiantaria para um piloto de fórmula 1 o uso de capacete, oxigênio, roupas que resistem ao fogo por alguns minutos e estar sentado dentro de um cockpit de fibra de carbono em um desastre violento, como o que ocorreu com o nosso saudoso Ayrton Senna ou em uma explosão violenta do veículo? 

Remuneração
O jogador de futebol e o piloto de fórmula 1 recebem, de longe, melhor remuneração do que os demais profissionais citados. Não advogo aqui pela equiparação das remunerações. O que me chama a atenção é a distância absurda existentes entre elas. Esta distância faz com que, por exemplo:
a) um lixeiro seja sempre uma pessoa proveniente da classe pobre, via de regra favelado. Na maioria das vezes executa seu trabalho sem a utilização de Equipamento de Proteção Individual-EPI (luvas, máscara especial, etc);
b) um policial possa ser tentado a aceitar propina de marginais ou possa não aceitar correr riscos, fazendo-se de desentendido, fazendo "corpo mole", etc;
c) um piloto de fórmula 1 ganhe uma pequena fortuna mensal

Responsabilidade
Na maior parte das situações que enfrentam no dia-a-dia, o bombeiro, o enfermeiro e o policial são os grandes responsáveis pelas vidas daqueles a quem prestam seus serviços. Seus objetivos são os de salvar vidas, zelar pela saúde de enfermos e pela segurança dos cidadãos.
E o piloto de fórmula 1 e o jogador de futebol? Ambos tem a responsabilidade de levar suas equipes a disputar posições classificatórias nos esportes que praticam, gerando entretenimento aos apaixonados destes esportes.

Prazer proporcionado pela profissão
Independentemente do fato de que o bom profissional é aquele que sente prazer no exercício da sua profissão, o piloto de fórmula 1 e o jogador de futebol conseguem desfrutar de prazeres inimagináveis aos outros profissionais citados, como, por exemplo: saber que o exato momento do exercício da profissão é acompanhado por uma sensação de diversão, de elevada adrenalina e de sensibilização do ego (pistas e gramados famosos, aclamação do público, assédio dos fãs, etc); usufruir dos melhores hotéis, restaurantes, praias e tantas outras mordomias pelo planeta afora, além de poder compartilhar momentos do cotidiano com famosos (artistas, chefes de estado, etc), travando relacionamentos que podem abrir novas (e grandes) oportunidades pessoais. Em outras palavras, o craque do futebol e o ás da fórmula 1 conseguem obter elevado padrão de vida em curtíssimo espaço de tempo. Os craques/ases das demais profissões citadas só conseguem experimentar elevado padrão de vida quando integram famílias de grande poder aquisitivo ou ganham prêmios expressivos em loterias, ou seja, por condições não relacionadas às suas profissões.
Para mim, estas situações descabidas, das quais, aliás, os profissionais citados não tem qualquer culpa, são tidas como normais por uma imensa quantidade de pessoas que tem aí  o seu lazer, o seu entretenimento, que é diuturnamente potencializado pelo marketing. Estes são os motivos que fazem com que estas profissões roubem as atenções como que por hipnotismo, sendo valorizadas, sobremaneira, por cada um de nós, seres humanos influenciáveis.
Se nos aprofundarmos nesta questão, veremos que vale tudo, quando se trata do nosso lazer, nosso entretenimento:
- torcemos para que ocorra um acidente espetacular na pista, para quebrar a monotonia da corrida de fórmula 1. A possibilidade de ocorrer vítima(s) é vista com certa frieza, afinal "são cavacos do ofício";
- cavamos penalidade máxima a favor do nosso time, por qualquer razão;
- validamos qualquer lance desleal dos nossos craques, dos quais, aliás, não exigimos nada além da habilidade no que fazem. Não precisam ter estudo, educação, princípios morais e éticos, etc;

- condenamos os árbitros pela constante descarada parcialidade, demonstrada sempre em favor do time adversário, nunca em favor do nosso. Se fosse em favor do nosso, aceitaríamos como algo absolutamente normal, justo;
- esbravejamos palavras de baixo calão contra aquele(s)/aquilo que tenta tirar o brilho do nosso lazer, nosso entretenimento;
- discutimos e, se preciso for, brigamos e o que é pior: muitas vezes ferimos ou matamos alguém. Tudo em função das nossas convicções esportivas.
Enquanto isto, o bombeiro, o enfermeiro e o policial continuam por aí, salvando vidas, protegendo pessoas, zelando pelo nosso bem estar mas, como de praxe, pouco lembrados por nós.
Tente imaginar, por exemplo, como seria sua vida num período de greve, digamos de apenas 10 dias corridos, do serviço de limpeza urbana.
Nós costumamos nos lembrar:
- do lixeiro, somente quando chega a hora de dar a gorjeta (esmola) do Natal, desde que estejamos predispostos a isto;
- do bombeiro e do policial, somente quando presenciamos um ato heroico e aí aplaudimos, aclamamos;
- do enfermeiro, somente quando ele nos alivia uma dor, um sofrimento.
No meu entendimento, todo este contexto caracteriza uma grande inversão de valores.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Justiça ou Injustiça?

Em dado momento uma pessoa se mostra desprovida de inteligência, bom senso, discernimento, coerência, ética, moral e acaba cometendo um crime, não em defesa própria ou de outro. Então, de um lado temos essa pessoa como réu e de outro sua vítima. Detido o infrator, necessita-se de um mediador, para organizar, conduzir e concluir o seu julgamento. Este mediador deve, necessária e verdadeiramente, pautar suas ações nos princípios de justiça, feridos pelo réu, atuando segundo a Lei, segundo o que é justo.
É assim que eu vejo a Justiça, mas às vezes me pergunto se ela está realmente atuando segundo o que é justo. O que me leva a esta indagação são algumas situações que somos forçados a viver com frequência, que, teimosamente, se repetem, para provar que tem alguma coisa, no mínimo, estranha acontecendo no Judiciário:
Cidadão X Bandido
São milhões os cidadãos que hoje vivem em condomínios fechados ou em residências individuais fortificadas, ou seja, escondidos atrás de muros elevados, cercas elétricas, sistemas de alarmes, vigilantes, cães e etc, como forma de se prevenirem contra as ações de bandidos. Preferentemente, o cidadão deve, mais do que nunca, evitar a posse de bens móveis e imóveis sofisticados, para diminuir o risco de ser alvo de assaltos e sequestros relâmpagos. O cidadão vive numa espécie de sistema carcerário, cuja cela é sua própria residência. O bandido não necessita ter toda esta preocupação. Age com liberdade. Mesmo na situação de presidiário, consegue, com facilidade, comandar ações criminosas fora da prisão.

Direitos Humanos
A luta pelos direitos humanos não tem como foco a preservação dos direitos do cidadão trabalhador, honesto, que paga religiosamente escorchantes impostos, que luta para conduzir sua família dentro dos princípios da moral e da ética, daquele que não é um peso para a sociedade. Este movimento tem seu foco na preservação dos interesses do bandido, do marginal. Aquele que é fora da lei tem seus direitos assegurados. O cidadão não: o cidadão deve viver confinado em sua residência.
Numa rebelião presidiários queimam celas, fazem reféns e, muitas vezes, assassinam reféns e tudo fica por isto mesmo. Na maior parte das vezes não se tem notícias sobre o desenrolar dos acontecimentos. Por outro lado, no momento em que a polícia é acionada para acabar com a rebelião, surgem os especialistas em direitos humanos, para, no mínimo, acompanharem os procedimentos policiais, com vistas à garantia dos direitos dos rebelados, no sentido de que não ocorram maus tratos, "represálias".

Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar não tem como foco a preservação dos direitos da criança ou do adolescente que enfrenta algum tipo de risco de maus tratos ou, ainda, na recuperação séria, objetiva, tempestiva daquela criança ou adolescente que, tendo sofrido maus tratos, está à beira da marginalização ou já está marginalizada. A maior ação desta instituição é a de liberar, para imediato retorno às ruas, menores infratores, que foram detidos em flagrantes delitos, para que voltem a cometê-los. E aí, por mais incrível que possa parecer, o Conselho Tutelar conta com o apoio popular. Justamente aqueles que são o alvo dos delitos dos menores de rua (idosos e mulheres) se mostram indignados já no ato da detenção do menor, afrontando e desmoralizando o(s) policial(is) que está(ão) cumprindo seu papel. É incontável o número de vezes que já presenciei esta cena. Naquele momento, o policial é o bandido e o pequeno infrator uma vítima em suas mãos. Sempre que vejo uma cena deste tipo, fico perplexo com a hipocrisia de algumas pessoas.

Apoio ao Infrator
Os meios de comunicação dão bastante cobertura aos assuntos relacionados às ações criminosas. É o "minuto de fama" da defesa do infrator. Nessas ocasiões só se ouvem expressões do tipo fuga do flagrante, apresentação voluntária para depoimento, responder processo em liberdade, réu primário, sistema semiaberto, redução de pena por bom comportamento e tantas outras. Daí se percebe que são muitos os dispositivos criados para amenizar a situação do bandido.
No mês de Fevereiro/2010 assisti a uma reportagem muito interessante na televisão. Um ocupante de cargo do alto comando de uma polícia militar, responsável pela atuação de um grande grupo de policiais na maior região de risco de uma metrópole, concedeu uma entrevista para um jornal de grande circulação, através da qual se mostrou frustrado, decepcionado, desanimado, cansado de vivenciar a prisão de bandido que poucas horas após estão novamente nas ruas, cometendo seus crimes. Diante deste fato, um canal de televisão promoveu um debate sobre o assunto, entre representantes da instituição policial e do judiciário. Também havia advogados e especialistas em direitos humanos no debate. O que percebi, claramente, é que o jornalista que conduziu o debate, aliás, muito experiente, necessitou trazer os presentes várias vezes para o foco da questão (o que está errado? onde está o erro?), para evitar que o debate fosse desviado para a análise da conduta do policial militar autor da entrevista, que só havia feito comentários sobre uma situação real. Para mim é patente que a correta atuação da polícia encontra barreiras na legislação, quando há falha tanto por parte de "quem faz a Lei", como de "quem a aprova" e de "quem a aplica". No meu entendimento, "aqueles que aprovam a Lei" e "aqueles que a aplicam" tem o dever de apontar falhas detectadas, sugerir as correções necessárias e cobrar, tempestivamente, a imediata regularização do problema. Mas, sinto que o processo não funciona exatamente assim. Acredito que as engrenagens governamentais nunca estão suficientemente lubrificadas, fazendo com que o seu funcionamento normalmente seja precário, esbarrando em excesso de níveis hierárquicos, procedimentos burocráticos, visões pessoais, conflitos de interesses, parcialidade, etc.
Vou ilustrar toda esta questão com apenas duas situações reais, mas marcantes: 
- No mês de Abril/2010 o Terra noticiou que, segundo o Superior Tribunal de Justiça (STJ), "quebrar o vidro de um veículo para, por exemplo, a retirada do seu equipamento de som não é crime". Por quatro votos contra um, a Sexta Turma do STJ decidiu que não se pode destinar pena mais grave àquele que, ao quebrar o vidro, furta somente o aparelho de som, pois o princípio da proporcionalidade veda toda a sanção injustificável, quando comparada com a consequência prevista para a hipótese mais grave. Compreensível, não? Vamos ser mais claros: para a maioria dos ministros, não há como considerar o vidro do veículo como um obstáculo apto a configurar a qualificadora constante do Código Penal (Art. 155, parágrafo 4º). Agora ficou claro? Vamos lá, mais uma vez: trata-se o vidro de coisa quebradiça, frágil, que, no mundo dos fatos, não impede crime algum, nem é empregado com esta finalidade pelo proprietário do veículo. Aqui tenho que fazer três observações:
a) quem emprega o vidro no veículo é o seu fabricante e não o seu proprietário, que adquire o veículo acabado, pronto para uso;
b) para fazer valer a Lei contra um assaltante de veículo, o fabricante deve equipar o veículo com vidros a prova de qualquer tipo de pancada, inclusive tiro de alto calibre, sendo esta providência absolutamente necessária, no mundo dos fatos, para impedir um crime. QUE MA-RA-VI-LHA!
c) então, aplica-se este mesmo raciocínio do vidro a uma residência, que não tenha grades nas janelas. FAN-TÁS-TI-CO! 
- O maior julgamento já feito neste País, o do "Mensalão", também merece ter a conotação de "maior desastre jurídico", uma vez que após cerca de dois meses de julgamento, de fartas expressões que só juristas entendem e de desavenças oriundas de interpretações da Lei, tudo com ampla cobertura por parte da imprensa, foi decidido pela inocência de alguns réus e pela branda punição dos culpados. Um tal de José Genuíno, por exemplo, assumiu posto na Câmara dos Deputados logo após ter sido condenado.
Resumindo, é fácil perceber que, muitas vezes, um crime não merece a devida atenção por parte das autoridades. Nestas ocasiões, ou o foco é o réu (preocupação quanto ao que lhe assegura a Lei) ou é a própria Lei (preocupação quanto ao enquadramento legal de um delito). Desta forma, pessoas de péssima índole "aprontam" diariamente, sem se preocuparem muito com as consequências dos seus atos, pois sabem que, mesmo que algo saia errado em relação aos seus planos sinistros, alguém dará "um jeito", segundo a Lei.
O "SENSO DE JUSTIÇA", QUE PRESSUPÕE O EMPREGO DA MORAL, DA ÉTICA, É O QUE FALTA A UMA GRANDE PARCELA DOS BRASILEIROS.














quarta-feira, 7 de abril de 2010

Hipolítica ou Polipocrisia?

A hipocrisia está tão escancarada na política, que é possível afirmar que estas palavras já são sinônimos, posto que uma manifestação não existe sem a outra. A política poderia receber uma nova denominação, do tipo ... hipolítica ou... quem sabe... polipocrisia (deixo a escolha ao gosto de cada um).
Na esfera internacional, observa-se que as Nações mais ricas do planeta, que frequentemente levantam a bandeira da responsabilidade pela segurança e o bem estar de todos os povos, vivem a mercê dos seus próprios problemas. Existe um sentimento de responsabilidade, que não é traduzido em ações. Estas Nações apenas jogam palavras ao vento, na medida em que não conseguem transformar intenções em soluções concretas contra o terrorismo, a miséria, a poluição, a contaminação e a depredação do meio ambiente, as drogas, as guerras e tantos outros problemas que afligem a humanidade como um todo. À frente de câmeras e microfones pregam a existência de vontade e esforço voltados à solução de todos estes problemas, mas, na realidade, não há vontade nem esforço neste sentido. As provas desta falta de ação estão aí para quem quiser ver:
- as ações terroristas continuam sendo financiadas e alimentadas por armas cada vez mais sofisticadas;
- a miséria continua sendo alimentada pelo descaso de governantes que colocam interesses outros acima do bem-estar dos seus governados;
- a poluição, a contaminação e a depredação do meio ambiente continuam alimentadas pelo descaso de autoridades governamentais;
- o tráfico de drogas continua crescendo graças à falta de ação e/ou à corrupção das autoridades governamentais;
- as guerras continuam sendo fomentadas por algumas Nações, por grupos terroristas e por líderes do crime organizado, que objetivam lucrar com o comércio legal e ilegal de armas e/ou obter mais poder.
No Brasil, percebe-se que a situação não é diferente: aqui existe muita hipolítica (ou polipocrisia). Aqui se trata de uma doença crônica: o brasileiro sempre sofreu com a falta de vontade e de esforço para a erradicação definitiva do "vírus corruptus", que fáz com que os governantes, tanto na esfera municipal, como estadual e federal, fiquem focados na questão do levar vantagem, esquecendo-se das questões realmente importantes para a sociedade, que são a saúde,  a segurança, o ensino, a geração de empregos, a moradia própria, o transporte, a aposentadoria e outros. Nestes 500 anos de história do Brasil, as poucas medidas concretizadas nestas áreas tiveram origens em ações paliativas de alguns governantes, obrigados que foram, em determinados momentos, a fazer algo para justificar um centésimo das promessas eleitorais que fizeram. Hipolíticos (ou polipócritas) deixam transparecer, de forma clara, o raciocínio de que não se faz necessária a vontade e o esforço para, por exemplo, melhorar o sistema de ensino e a oferta de emprego, já que isto representa um tiro no próprio pé. Pessoas com mais conhecimento entendem a importância do exercício da cidadania e, portanto, cobram mais, exigem mais, não são facilmente enganadas e isto representa uma séria ameaça à hipolítica (ou polipocrisia). Por outro lado, a oferta de emprego se reflete diretamente na melhoria da alimentação do povo. Com uma alimentação mais condizente, como trocar votos por cestas básicas, quilos disto, litros daquilo? Além disto, há que se considerar que a grande maioria dos nossos hipolíticos (ou polipócritas), nas mais variadas esferas do Poder,  estão convencidos de que o subdesenvolvimento brasileiro é coisa do passado. Agora, somos um País em desenvolvimento (emergente). Agora, as ações e os esforços, despojados de qualquer sentimento que não seja o de humanidade e o de caridade, se voltam para a ajuda aos países que continuam integrando a classe dos subdesenvolvidos. Agora temos que começar a sediar grandes eventos (copas mundiais, olimpíadas, mega-shows artísticos e outros) para aparecermos para o Mundo. Aqui no Brasil, os grandes problemas sociais estão solucionados e isto ficou patente no primeiro trimestre de 2010, quando o então Presidente Lula afirmou que, ao longo da sua vida política, aprendeu a maior de todas as lições, qual seja a de que "o brasileiro precisa de coisas simples para viver bem e não incomodar ninguém, que são: casa, carro, computador e um(a) companheiro(a)", dando a entender que nós, brasileiros, já estamos tão distantes dos grandes problemas sociais e econômicos, que nosso foco passou a ser os bens materiais e os assuntos sentimentais/sexuais. Incrível esta percepção do ex-Presidente, não? Creio que nem mesmo um velho monge budista teria este alcance.
De uma grande parcela dos atuais políticos não se pode esperar nada além daquilo que já nos acostumamos a ver, quase que diariamente, nos meios de comunicação. Há escândalos de corrupção e desmandos no Congresso, no Senado, nos Ministérios, nos governos estaduais e municipais, inclusive na Justiça. Por falar no judiciário, o maior julgamento já feito neste País, o do “Mensalão”, também merece ter a conotação de maior desastre jurídico da história deste País, uma vez que após cerca de dois meses de julgamento, de fartas expressões que só juristas entendem e de desavenças oriundas de interpretações da Lei, tudo com ampla cobertura por parte da imprensa, foi decidido pela inocência de alguns réus e pela branda punição dos culpados. O que mais me chamou a atenção após as condenações foi o fato de:
a)  parlamentares  condenados  se  mostrarem  com  vida  absolutamente  normal,  como aconteceu com um tal de José Genuíno, que assumiu posto na Câmara dos Deputados;
b)  a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovar, por unanimidade, uma proposta de emenda constitucional (PEC 37) que permitiria ao Congresso sustar decisões do Poder Judiciário. Até então o Legislativo poderia mudar somente decisões do Executivo. O objetivo da proposta, seria o de permitir que o Congresso também tivesse a possibilidade de alterar decisões do Judiciário, caso, no seu entendimento, elas exorbitassem o "poder regulamentar ou os limites de delegação legislativa". Essa pretensa visão da exorbitância do judiciário, denominada pelo Legislativo de “ativismo judiciário”, ganhou força com a decisão do STF em permitir o aborto de fetos anencéfalos. Portanto, bem claro que em nada se relacionou ao fato de a justiça estar julgando diversas situações de prática de corrupção por parte de parlamentares. Será? Arnaldo Jabor, em entrevista à Folha Política.com registrou o seguinte sobre esta pretensão absurda do Legislativo: Se aprovada, o pior pode acontecer, estamos na rota do fracasso histórico. Há uma união nacional de canalhas em torno dessa emenda. Querem criar o paraíso da roubalheira, onde os canalhas poderão roubar e proibir investigações".
Dá para acreditar nisto? Felizmente, por pressão de movimentos populares, a PEC 37 não foi aprovada. 
Uma outra situação que, particularmente, chamou-me a atenção diz respeito a um projeto denominado de AEROMÓVEL. Em 1983 foi acionado, aqui em Porto Alegre, o protótipo de um veículo futurista, que se deslocava de forma segura sobre trilho aéreo, sem fazer qualquer ruído e sem causar poluição ambiental, utilizando propulsão pneumática. Este veículo, concebido por Oskar Coester e sua equipe, desenvolvido aqui no RS, foi denominado de AEROMÓVEL.
Lembro que o projeto conquistou amigos e inimigos e que, vai daqui, vai de lá, ficou hibernando, pelo menos aqui no Brasil, já que foi implantado, com sucesso, na Indonésia (Jakarta), onde funciona até hoje.
Posso imaginar as dificuldades enfrentadas pelo projeto àquela época, certamente relacionadas à substituição gradativa de um sistema de transporte tradicional (composto por carroças disfarçadas de ônibus, repleto de problemas) por um sistema “n” vezes melhor: jogo de interesses; resistências às mudanças; disputa de poder; etc.
É fácil imaginar que após estes 30 anos Porto Alegre seria outra cidade, se, naquela época, o AEROMÓVEL tivesse sido aprovado pelas autoridades competentes. Visualize mentalmente, comigo, esta nova cidade:
-   todos os bairros ligados entre sí por linhas de trens aéreos;
- estações de embarque/desembarque  modernas,  onde  as  passagens  seriam compradas/carregadas em chips de cartões e onde os passageiros estariam protegidos do frio, do sol e do vento;
-  novo visual para os passageiros, que, durante seus deslocamentos contemplariam novas paisagens da cidade, justamente em face do transporte deslocar-se a cerca de 10 metros do chão;
-  inexistência de ônibus circulando na cidade, com a eliminação dos respectivos corredores e de vários semáforos, aumentando a fluidez do tráfego dos veículos leves;
-  redução significativa da poluição do ar e sonora.
Com o advento da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016, este projeto foi reativado, porém de uma forma que reputo como sendo, no mínimo, curiosa, engraçada: no percurso de míseros 814 metros entre o Aeroporto Internacional Salgado Filho e uma estação do Trem Metropolitano, a um custo de cerca de R$ 37,8 milhões. No meu modo de ver, isto foi feito apenas para apresentar uma novidade à FIFA, pois não estou convencido de que turistas aqui desembarcados passem a se utilizar do AEROMÓVEL, para se deslocarem para a rede hoteleira da cidade. Não consigo imaginar turistas utilizando o AEROMÓVEL para se deslocarem a uma estação da TRENSURB mais próxima, para embarcarem no trem e 6 ou 7 minutos após desembarcarem no Centro de Porto Alegre e se deslocarem a pé, carregando suas bagagens, aos hotéis centrais, transformando-se em chamariz para todo o tipo de marginal (pivete, batedor de carteira, etc).      
Bem, a verdade é que impossibilitado que estou de sensibilizar hipolíticos (ou polipócritas) para a abordagem que aqui faço, resta-me deixar registrados alguns questionamentos, dirigidos àqueles que acessarem este blog, de forma que, ao respondê-los, possam refletir a respeito, se assim o quiserem:
- a metodologia de ensino no Brasil tem se mostrado eficiente? A alfabetização constante e abrangente e o adequado preparo do estudante para o Mercado de Trabalho são realidades incontestáveis?
- houve significativa melhoria da remuneração do professor, a qual, aliada às ações concretas voltadas à manutenção da sua adequada qualificação profissional, tem gerado crescente motivação da Classe?
- há evidências claras de que, do Oiapoque ao Chuí, a quantidade de escolas é suficiente para a demanda de alunos e que as mesmas estão equipadas para proporcionar a aplicação de modernos métodos de ensino?
- a Previdência Social está organizada, com atendimento rápido, diagnósticos precisos, internações tempestivas?
- a saúde é desenvolvida por equipe altamente técnica, bem remunerada, motivada e consciente do seu importantíssimo papel de "agente da preservação da vida humana"?
- a Previdência Social vem recebendo significativos investimentos no tocante à reforma, à construção de hospitais e à aquisição e instalação de equipamentos de ponta?
- o povo tem acesso gratuito, de pronto, à toda medicação de uso imprescindível e/ou de custo incompatível com a sua renda?
- os assaltos, os furtos, os sequestros relâmpagos, as balas perdidas e o crime de uma maneira generalizada são fatos cada vez mais raros nos dias de hoje?
- percebe-se, claramente, as efetivas ações conjuntas e  planejadas das autoridades governamentais, militares e policiais, relativamente ao combate ao crime?

- existem ações claras, conjuntas, de todas as esferas governamentais com foco na revisão e no aperfeiçoamento do sistema penal e carcerário?  
- a oferta de emprego é praticamente igual à demanda?
- há uma preocupação notória das autoridades governamentais com o baixo poder aquisitivo do salário mínimo?
- as autoridades governamentais demonstram, claramente, sua preocupação com a qualificação do servidor público, bem como com redução dos gastos públicos?
- percebe-se, claramente, as mudanças benéficas que as autoridades governamentais vem promovendo no processo de aposentadoria, sempre com foco na preservação da dignidade do aposentado?
- a casa própria está ao alcance das classes sociais menos favorecidas?
- percebe-se, em todo o País, o êxodo das favelas para moradias populares, que proporcionam significativa melhoria da qualidade de vida?
- tem sido de grande monta os investimentos dos governos Federal, Estadual e Municipal no desenvolvimento do sistema viário?
- falando em termos de rodovias e ferrovias, o território nacional se transformou num grande canteiro de obras, relativamente às construções, reformas, ampliações e duplicações de estradas, pontes e ferrovias?
- é evidente o incentivo governamental ao desenvolvimento do transporte fluvial nas grandes bacias hidrográficas brasileiras?

- alagamentos, engarrafamentos e poluição ambiental deixaram de ser problemas para as principais cidades brasileiras?
- a inflação  e o déficit público não são mais problemas para o Brasil?
- os políticos brasileiros, na sua maioria, estão imunizados em relação à corrupção? Não há mais espaço para "levar vantagem" ou para o "jeitinho" na política brasileira? Hoje realmente se pratica o "governo do povo, pelo povo e para o povo" no Brasil?


terça-feira, 6 de abril de 2010

Provérbio

Com algumas décadas de experiência de vida, afirmo que:

Quando abandonamos o bom senso,
nos deixamos dominar pela hipocrisia e
passamos a inverter valores.
Encontramos justificativa para qualquer atitude,
perdemos a noção entre o certo e o errado, nos perdemos

Neste blog abordo situações que se enquadram nesta máxima.
Esta abordagem é alicerçada na percepção, no entendimento que tenho sobre fatos/ situações do cotidiano, sendo, portanto, de cunho pessoal. 
Muitas vezes, eu mesmo dei vida à falta de bom senso, à hipocrisia e à inversão de valores. Hoje não me permito repetir situações e comportamentos que vivenciei/pratiquei e que não passam de  manifestações destas três vilãs. Estou convicto, entretanto, de que corro o risco de vivenciar/praticar novas situações orquestradas pelas referidas manifestações. De qualquer forma, posso apontar as situações vividas/percebidas àqueles que tem interesse em não se deixar dominar por estas vilãs.
Desejo, inclusive, obter a percepção, o entendimento de quem navegar neste blog, através dos registros que nele se prontifique a deixar, pelos quais agradeço antecipadamente, independentemente de comungarem ou não com meus pensamentos.
Embora os assuntos abordados sejam polêmicos, meu objetivo não é o de gerar polêmica e sim provocar uma reflexão sobre ações/posturas que, volta e meia, adotamos, desprovidas de bom senso, irrigadas de hipocrisia e que alimentam as inversões de valores. Afinal, nossas ações são a exteriorização dos nossos sentimentos, das nossas convicções.